31 de Março de 1870 – É inaugurado em Paris, no cemitério de “Père-Lachaise”, o monumento funerário de estilo celta para receber os despojos de Allan Kardec.


Na primeira reunião da Sociedade Espírita de Paris, após as exéquias de Allan Kardec, os membros presentes exalaram a ideia de se levantar um monumento que fosse testemunha da simpatia e do reconhecimento dos espíritas em geral à memória do inolvidável mestre. Essa aspiração, humana mas sincera, ganhou vulto e em pouco tempo a ela aderiu grande número de correligionários da França e de outros países europeus.

Ficou estabelecido, de comum acordo com Madame Allan Kardec, que a maneira mais racional de simbolizar o homem que foi a simplicidade encarnada, seria levantar-lhe um monumento por excelência simples, e que lhe recordasse também o pseudónimo gaulês – Allan Kardec. Foram então buscar no passado, entre os monumentos sepulcrais célticos ou druídicos, simples como os povos primitivos que os elevaram aos seus mortos, a representação ideal do túmulo de Kardec.

Tais construções funerárias cobrem, até hoje, o solo da antiga Bretanha e acham-se espalhadas em toda a Europa Ocidental, no norte da Europa, na bacia do Mediterrâneo, no Irã, na Líbia, na Índia, no Extremo Oriente (especialmente o Japão), na Ásia, etc., permitindo crer que o uso desses monumentos megalíticos era quase universal. E como, de todas as crenças mais remotas, é o druidismo, praticado pelos antigos iniciados gauleses, uma das que mais se identificam com alguns princípios fundamentais da filosofia espírita, especialmente a reencarnação, muito felizes foram, pois, os discípulos do eminente fundador do Espiritismo na escolha do monumento druídico para perpetuar-lhe, na pedra, o nome e a obra.

Projectada a construção de um dólmen, que figurava, no fundo, simplicidade, universalidade e eternidade, confiaram esse trabalho ao talentoso escultor francês Charles Romain Capellaro, bastante conhecido no mundo das artes, expositor premiado nos Salões de Paris, desde 1860, e que aceitava os princípios fundamentais do Espiritismo.

Adquiriu-se no Cemitério do Père-Lachaise (administrativamente conhecido por Cemitério do Leste) um terreno e no dia 31 de Março de 1870, pelas duas horas da tarde, os espíritas inauguravam o monumento dolménico levantado em memória de Allan Kardec. De imponente simplicidade, aquele túmulo “fala aos olhos e à alma a linguagem dos séculos desaparecidos, evocando a lembrança das antigas gerações que consagraram por seu culto e por suas sepulturas as crenças reencontradas pelo Espiritismo moderno”.

Fonte: http://avidanoalem.blogspot.pt/2010/06/o-dolmen-de-kardec.html